segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Erradicação do sarampo na Europa até 2015

UE estabelece nova meta

Através de uma vasta campanha de vacinação, a União Europeia (UE) estabeleceu uma nova meta para erradicar o sarampo, até ao ano de 2015.
Os Estados-membros da UE, e outros países da Europa, tinham estabelecido este ano como meta para a erradicação da doença, mas face à realidade de ainda não ter sido conseguido, definiram agora um novo objectivo: 2015. Segundo os técnicos da UE, a razão pela qual ainda não se conseguiu extinguir o sarampo na Europa deve-se ao facto de muitas crianças não serem vacinadas a tempo e de algumas nem sequer serem imunizadas.
Portugal está entre os países com menos casos registados - apenas cinco em 2010 –, a par dos países nórdicos, segundo as estatísticas divulgadas pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças e citadas pela agência Lusa. Apenas oito países não registaram qualquer caso de sarampo este ano - Islândia, Estónia, Letónia, República Checa, Eslováquia, Áustria, Malta e Luxemburgo.
Bulgária, com 21.853 casos comunicados, e França, que registou este ano 3.347, são os países com maior incidência da doença, mas há outros com números ainda elevados, como Itália, com 641, ou Alemanha, com 657. Espanha já registou este ano 169 casos de sarampo, bastantes mais do que a Bélgica, com 40, a Suíça, com 49, ou a Holanda, com 12.
Fonte: ALERT Life Sciences Computing, S.A.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Chip ajudará paralisados a exercitarem-se

Cientistas do Reino Unido desenvolveram um pequeno chip em forma de implante que liberta diversos impulsos eléctricos que irão ajudar no exercício de membros paralisados. A inovação será benéfica para a reabilitação muscular e alívio dos espasmos das pessoas que sofrem de paralisia.
O implante é "mais pequeno do que uma unha" e os cientistas da University College de Londres deram-lhe o nome de Active Book já que deve ser implantado entre os nervos da espinal medula como se fosse um livro.
"O implante tem potencial para estimular mais grupos de músculos do que o que é possível agora com a tecnologia que dispomos porque pode ser introduzido directamente na coluna," afirma Andreas Demosthenous, líder da equipa de investigação, à BBC.
"A estimulação de mais músculos significa que os utilizadores podem mover-se o suficiente para terem a capacidade de desenvolver exercícios controlados como remar ou pedalar."
Mais estudos piloto sobre o Active Book deverão começar no próximo ano de acordo com o Engineering and Physical Sciences Research Council (EPSRC) que publicou a pesquisa.
in "Boas Notícias"

domingo, 31 de outubro de 2010

Leia-nos no cume do Evereste. Saiba como...

Internet chega ao ponto mais alto da terra
Os alpinistas que visitem o Monte Evereste, o ponto mais alto do mundo, já vão poder ter acesso à Internet e consultar o tvi24.pt, assegurou esta quinta-feira a Ncell, a operadora nepalesa responsável pela instalação da rede.
Segundo a operadora, que pertence ao megagrupo sueco TeliaSonera, foi instalado o primeiro serviço de alta velocidade 3G a uma altitude superior a 5 mil metros no acampamento base do Evereste. As novas instalações vão facilitar o contacto entre visitantes e o resto do mundo, sendo possível, a partir de agora, fazer chamadas e vídeo e navegar na internet a partir de um telemóvel.
«É um feito tão grande quanto sua altitude, uma vez que a internet 3G de alta velocidade trará serviços de telecomunicações mais rápidos e baratos aos habitantes do Vale de Khumbu », disse Lars Myberg, presidente da «TeliaSonera», que controla 80% da Ncell, citado pela AFP.
Os escaladores que atingiam os 8 mil metros de altitude dependiam, anteriormente, de equipamento caro com cobertura por satélite, sendo possível fazer apenas chamadas de voz através de uma operadora chinesa no lado chinês da montanha.
A rede vai servir também às centenas de turistas e peregrinos que passam pela região do Everest todos os anos.
«Isto é um marco para as comunicações móveis, a internet de alta velocidade 3G já permite telecomunicações mais rápidas e acessíveis na montanha mais alta do mundo», sublinhou o presidente da operadora.
in "diario.iol.pt"

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Estudo mostra como o cérebro se apaixona

De acordo com a professora de neurologia, a paixão é uma via de mão dupla entre o coração e o cérebro
Uma revisão de estudos feita na Syracuse University (EUA) revela quais partes do cérebro são estimuladas quando uma pessoa se apaixona. A professora responsável pelo estudo, Stephanie Ortigue, mostra que a paixão causa uma sensação de euforia similar à experimentada por alguém que consome cocaína e também estimula áreas intelectuais do cérebro. O processo de se apaixonar leva um quinto de um segundo.
De acordo com a professora de neurologia, a paixão é uma via de mão dupla entre o coração e o cérebro. Ela diz que a activação de algumas partes do cérebro gera estímulos no coração e "frio na barriga".
Outros pesquisadores acharam níveis altos de factores de crescimento de nervos no sangue de casais que haviam acabado de se apaixonar. Essa molécula é importante na química social humana e para o amor à primeira vista. "Isso confirma que o amor tem bases científicas", diz Ortigue.
Essas descobertas são importantes para pesquisas sobre saúde mental porque quando o amor não dá certo, pode haver estress e depressão. "Entendendo como as pessoas se apaixonam e por que ficam com o coração partido, é possível usar novas terapias", afirmou Origue, em comunicado. "Médicos e terapeutas podem entender melhor as dores dos pacientes apaixonados."
O estudo mostra também as diferentes partes do cérebro que se apaixonam. O amor passional é detonado pela região do cérebro responsável pela sensação de recompensa e pelas áreas cognitivas com funções como a percepção da imagem corporal.
Fonte: http://gazetaweb.globo.com/

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Investigadores do Porto identificam novo marcador tumoral gástrico

Próximo passo é o desenvolvimento de novas terapias
Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto identificou um novo marcador específico do cancro gástrico e prepara-se para desenvolver novas terapias baseadas em nanopartículas, noticia a Lusa.
«Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto acaba de identificar um novo marcador da superfície das células tumorais gástricas», refere a Universidade do Porto em comunicado divulgado esta terça-feira.
O trabalho de investigação teve por base uma variante de uma proteína normal que se encontra na superfície de todas as células (a CD44) mas que sofre alterações de acordo com o seu meio ambiental, permitindo distinções subtis.
«Esta descoberta permitirá o desenvolvimento de novas tecnologias que levem ao diagnóstico de um subgrupo de cancros de estômago (ainda sem métodos de diagnóstico eficazes) ou mesmo a terapias específicas, com o objectivo último de não atingir as células normais e assim minimizar afeitos secundários das terapêuticas», acrescenta o documento.
A capacidade de distinguir as células mostra-se «indispensável» já que «uma boa estratégia de diagnóstico ou de terapia é aquela que permite distinguir, com grande acuidade, uma célula que queremos atingir, da outra que não queremos afectar», explica em comunicado Pedro Granja, investigador do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade do Porto (INEE) e coordenador do projecto.
O trabalho que estes investigadores estão a desenvolver parte de uma ideia simples: «Se conseguirmos guardar as drogas terapêuticas em minúsculas caixinhas e colocarmos nelas um destinatário, poderemos libertar no organismo essas drogas com a garantia de que elas irão bater apenas nas portas correctas, ou seja, nas células que queremos atingir», explica Pedro Granja.
A equipa quer agora desenvolver nanopartículas que se deverão dirigir especificamente às células que se pretende manipular a fim de num futuro próximo ser «possível desenvolver terapias para cancro sem os efeitos colaterais», salienta o investigador.
In
http://diario.iol.pt/

domingo, 3 de outubro de 2010

Para quem gosta de escrever, nem sempre é fácil que as suas obras vejam a luz do olhar das pessoas que gostam de ler.
Mas felizmente existem escritores que vão conseguindo que o fruto do seu trabalho veja a luz do dia.
Um desses exemplos é o Américo Lisboa Azevedo que, fruto do seu empenho e do sadio e frutífero relacionamento que tem mantido com a Tartaruga Editora, vai editar a sua quinta obra literária que, como costuma dizer, vai ser o seu “quinto filho literário”.
Com “Histórias da Avó”, o Américo pretende que recuemos à nossa infância, mas com uma nova roupagem. Dando-lhe essa nova roupagem, o escritor visa catequizar o leitor, inquietando-o com questões para que façamos uma reflexão a cada conto.
A festa de lançamento terá lugar no próximo dia 16 de Outubro, pelas 21 horas, na Biblioteca Municipal da Maia.
Um livro diferente para uma noite especial.
Venha dar mais colorido e alegria ao acontecimento.

sábado, 2 de outubro de 2010

Portugueses descobrem o «culpado» pelo envelhecimento

Descoberta da equipa da Universidade do Minho contraria teoria com 50 anos
Há cinquenta anos que a Ciência afirma que os radicais livres, substâncias que as células humanas produzem diariamente, são culpados pelo envelhecimento, mas uma investigação portuguesa veio agora contrariar esta teoria.
Liderada por Paula Ludovico, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, a investigação demonstrou que o «aumento da longevidade não está associado a uma menor produção de radicais livres, mas sim a uma maior produção», detalhou a investigadora à agência Lusa.
Produzidos pelas células humanas durante o seu metabolismo normal, os radicais livres, ou espécies reactivas de oxigénio, tornam-se prejudiciais quando presentes em grandes quantidades e estão associados ao envelhecimento.
A partir de células de levedura, as mais utilizadas enquanto modelo de envelhecimento porque são «as mais simples», a investigação verificou que «existiam condições que aumentavam a longevidade das células e que estavam associadas a uma maior produção de espécies reactivas de oxigénio, nomeadamente o peróxido de oxigénio» (H2O2), explicou Paula Ludovico.
Publicada na edição de 24 de Agosto da revista científica norte americana «Proceedings of the National Academy of Sciences», a investigação indicou que, afinal, o mau da fita é o anião super óxido - outro radical livre também associado ao envelhecimento.
Já o «peróxido de oxigénio é benéfico para o aumento da longevidade porque é importante para activar algumas vias de sinalização intracelular», explicou a investigadora.
«O equilíbrio que se estabelece entre estas diferentes espécies reactivas de oxigénio é importante para ditar a maior ou menor longevidade das células e não podemos continuar a seguir a teoria aceite há mais de 50 anos, de que todas as espécies reactivas de oxigénio, todos os radicais livres, são negativas e são as causadoras do envelhecimento», concluiu.
in "TVI24"

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sensor ajuda a alertar para a entrada em erupção de vulcões

Um grupo de cientistas da Universidade de Newcastle, em Inglaterra, criou um sensor que pode ser colocado no interior de um vulcão e avisar se ele está prestes a entrar em erupção. Este sensor não é "mais" do que um radiotransmissor que aguenta temperaturas acima de 900 graus Celsius.
Segundo um artigo publicado no site do jornal britânico Daily Mail, na concepção do sensor foi utilizada uma mistura de silício com carbono, materiais similares aos que são usados na construção de aviões e que se encontram preparados para aguentar temperaturas extremamente altas.
O dispositivo pode medir mudanças nos níveis dos gases vulcânicos - como dióxido de carbono e óxido sulfúrico -, enviando as informações recolhidas, em tempo real, para uma base de dados de modo a ajudar a prever se a actividade registada no vulcão causará uma erupção num curto espaço de tempo. Uma inovação com extrema importância já que, actualmente, "não é possível monitorizar com precisão o que se passa no interior de um vulcão e a maior parte das informações é recolhida após uma erupção", explicou Alton Horsfall, director da equipa de investigação.
Os cientistas trabalham agora na criação de um dispositivo com o tamanho de um telemóvel, para que possa ser usado em outros locais além de vulcões. A equipa está ainda a desenvolver um micro-veículo para ser usado na obtenção de informações sobre meio ambiente em lugares remotos. "Se alguém disparar uma bomba subterrânea, por exemplo, o aparelho pode informar com exactidão o que aconteceu antes de ser enviada uma equipa", concluiu Horsfall.
In “DN Ciência”

domingo, 12 de setembro de 2010

Dormir mais e menos do que sete horas aumenta risco de doença cardiovascular

Dormir mais e menos de sete horas por noite aumenta o risco de doença cardiovascular, a principal causa de morte nos Estados Unidos, revela um estudo americano hoje divulgado.
Segundo o estudo, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de "West Virgínia", dormir menos de cinco horas aumenta para o dobro as hipóteses de desenvolver angina de peito, insuficiência coronária ou ataque cardíaco.
Por outro lado, o mesmo estudo, revela que dormir regularmente mais de nove horas também faz aumentar os riscos de doença cardiovascular em relação ao "número mágico de sete horas".

In LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Incêndios florestais

Portugal é um país privilegiado, pois tem dois tipos de costa que, entre si, devem dividir cinquenta por cento do território para cada uma. Falo da costa marítima, banhada pelo Oceano Atlântico, e da costa terrestre que faz com Espanha.
Uma das coisas que caracteriza este país é o verde: o verde dos pinhais e das florestas que serpenteiam quase todo o país, e que neste tempo quente que estamos a atravessar, proporcionam sombra para um bom passeio familiar.
Nestes passeios, os veraneantes podem e devem desfrutar dessas belas paisagens verdejantes, mas com cautela e civismo, pois este património pertence a todos nós.
Pena é que o Verão também seja sinónimo de incêndios. Estes incêndios têm, ano após ano, vindo a devastar esta nossa riqueza natural. Não por falta de informação, pois essa vai existindo mas, sobretudo, por falta de civismo.
Todos sabemos que nos dias de hoje já ninguém pega numa enxada para desbravar um pinhal, que até lhe pertence. Ninguém quer saber das terras que nos foram legadas pelos nossos antepassados.
Mesmo os pinhais e matas ditas do Estado não são limpas, proporcionando assim uma maior hipótese de catástrofe.
Se as autoridades alertam as populações para as calamidades que podem advir da não limpeza das matas particulares e punindo-as em caso de serem caços em flagrante delito, também deveriam ter brigadas de limpeza para zelar pelas matas que estão sob a alçada estatal.
Agindo desta forma, seria mais uma arma no combate a esse flagelo que, infelizmente, todos os anos nos visita.
Adolfo Ribas

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

'Papagaios' vão captar energia

Um novo aparelho promete ser o futuro da captação de energia. Irá recolher o dobro do que conseguem as ventoinhas eólicas "O vento global é uma fonte imensa de energia, gerando cerca de 870 terawatts [biliões de watts] na zona da troposfera." Este argumento serviu a Joe Ben Bevrit, da empresa norte-americana Joby Energy, para iniciar o desenvolvimento de um novo sistema de captação de energia
eólica: um aparelho inspirado no funcionamento dos papagaios de papel, que pode voar até aos 10 600 metros de altitude. O movimento do aparelho produz a energia numa turbina que poderá ser distribuída pela rede eléctrica, produzindo o dobro da electricidade de um aerogerador convencional.
A ideia de captar vento a grandes altitudes vem já dos anos 1970, mas só agora temos tecnologia para a por em prática. O inventor está actualmente a dar os últimos retoques numa série de grandes "papagaios" que, segundo ele, irão flutuar a uma altitude de 600 metros, gerando energia que poderá ser transferida para a terra por meio de um cabo. "Em comparação, a necessidade mundial de energia é de
17 terawatts. Captar uma pequena porção disso pode alterar a forma como alimentamos de energia a nossa civilização", diz Joe Ben Beverit.
O "papagaio" da Joby Energy é constituído por estruturas autónomas controladas por computador. Estas levantam voo verticalmente, enquanto se deslocam até à altitude permitida. O voo é controlado por um sistema computorizado avançado e a electricidade captada é enviada para o solo por um cabo até uma subestação, onde a corrente contínua
(DC) é convertida em corrente alterna (AC). Aí já será possível liga-la a uma rede eléctrica.
Os criadores desta tecnologia explicam que os aparelhos são portáteis e de construção barata, quando comparados com as turbinas eólicas convencionais. Além disso, conseguem gerar o dobro da quantidade de energia. "Como funciona a altitudes cinco vezes superiores às turbinas convencionais, a velocidade e consistência do vento resultam numa maior quantidade de energia obtida regularmente", diz o inventor.
Quanto mais alto fosse lançado o papagaio, mais energia se iria recolher, mas as linhas aéreas impedem que seja colocada à sua máxima altitude: 10 600 metros.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Adesivo substitui seringa nas vacinas

O pavor às seringas pode estar perto de acabar. Um grupo de cientistas concebeu um adesivo que cumpre a função de uma seringa, evitando-se, assim, as agulhas.
Esta forma inovadora de vacinação, desenvolvida no Instituto de Tecnologia da Georgia, em Altanta, nos EUA, não provoca dor nem precisa de médicos especialistas que auxiliem os doentes. O utente poderá auto-vacinar-se.
Para além da utilização prática, o adesivo permite que os hospitais e centros de saúde cortem nas despesas em equipamentos de armazenamento.
Mark Prausnitz, que liderou a equipa de cientistas do Instituto de Tecnologia da Georgia, conta que o adesivo é composto por agulhas microscópicas feitas de plástico biodegradável que, depois de ser utilizado, não deixa marcas na pele.
Apesar da descoberta, os adesivos podem vir a enfrentar vários anos de ensaios clínicos. Para já, foram apenas testados em animais, mas esperam-se voluntários para que o adesivo se cole a pele humana.
in "JN.pt"

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Japoneses criam máquina farejadora

Cientistas usaram DNA de insectos e ovos de sapo modificados geneticamente
Cientistas japoneses conseguiram criar um sensor de odores colocando o DNA de insectos dentro de ovos de sapo. A pesquisa, publicada no periódico de ciências Proceedings of the National Academy of Sciences, da Universidade de Stanford, tem como objectivo criar aparelhos capazes de detectar com precisão gases como o dióxido de carbono.
Os pesquisadores do Instituto de Ciência Industrial da Universidade de Tóquio pegaram o DNA de três insectos - mariposa, traça-das-crucíferas (uma praga que costuma atacar os repolhos) e mosca da fruta – e colocaram em ovos de sapo geneticamente modificados. Os ovos foram inseridos em um cartucho, dentro de um robô, que mexia a cabeça ao captar cheiros.
Os segmentos de DNA retirados dos insectos são responsáveis pela detecção de odores e gases. A mosca da fruta, por exemplo, encontra os humanos sentindo o cheiro de dióxido de carbono (CO2) que emitimos ao respirar. A invenção japonesa pode usar o mesmo princípio para detectar o CO2 na atmosfera.
In http://veja.abril.com.br/

sábado, 14 de agosto de 2010

Poluição sonora nos oceanos está a afectar os peixes

O ruído crescente que as actividades humanas estão a produzir nos oceanos podem levar os peixes a fugir dos seus habitats e a desaparecer em zonas que não favorecem a sua sobrevivência.
É pelo menos essa a conclusão de um estudo realizado por investigadores britânicos na Grande Barreira de Coral, situada junto à costa australiana.
A equipa coordenada pelo biólogo Steve Simpson, da Universidade de Bristol, observou que os peixes tropicais bebés, depois de se desenvolverem ao longo de algumas semanas, se dirigem para os recifes de coral, onde poderão sobreviver, orientando-se graças aos ruídos naturais.
Quando expostos a ruídos artificiais, estes peixes são atraídos por eles e podem desviar-se do caminho para o local certo. Com a poluição sonora produzida por barcos, explorações de petróleo e eólicas costeiras a aumentar, os riscos para os peixes são reais.
In “DN Ciência”

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Scanner cerebral de 15 minutos ajudará a diagnosticar autismo

Um scanner cerebral de 15 minutos e que se analisa de imediato no computador pode, no futuro, ajudar a diagnosticar o autismo, uma perturbação mental difícil de definir que pode manifestar-se em vários graus.
A técnica conseguiu bons resultados apenas em 20 homens já diagnosticados, faltando ainda ser validada em mulheres e crianças.
A estimativa nos países desenvolvidos é que uma em cada cem pessoas (quatro homens por cada mulher) sofre de autismo, em algum grau. Quando se confirma o diagnóstico, existem tratamentos não farmacológicos que melhoram a qualidade de vida de muitos pacientes, sobretudo em crianças.
O estudo, dirigido no Reino Unido pelo professor catedrático de psiquiatria Declan Murphy, foi publicado no Journal of Neuroscience.
A investigação - que fez uma complexa bateria de análises comportamentais e entrevistas pessoais - aproveita a acumulação de conhecimento sobre a base genética do autismo e a sua repercussão - muito ligeira - na anatomia do cérebro, como a espessura do córtex e a forma e a estrutura de regiões relacionadas com a linguagem e com o comportamento.
Murphy acredita que este avanço vai somar-se ao protocolo actual de diagnóstico do autismo, mas que não vai substituí-lo.
"Acreditamos que este trabalho é uma prova de que o conceito funciona. Esperamos que se possa começar a aplicar no sistema nacional de saúde em um ou dois anos. Nem sequer é preciso comprar novos instrumentos, basta acrescentar um programa às máquinas de ressonância magnética. Tem muito boa relação custo-benefício", considerou Christine Ecker, investigadora deste programa.

In “Diário Digital / Lusa”

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Óculos mudam de graduação com simples movimento de cabeça

Estão equipados com botões e sensores e prometem revolucionar o mercado das lentes progressivas
Chegaram os óculos que podem revolucionar a vida daqueles que não têm uma visão a 100 por cento. A aparência é tão convencional que não se adivinha que, com um simples toque, permitem mudar a distância de focagem e a graduação, avança o «20minutos.es».
A empresa PixelOptics está já há dez anos a trabalhar na elaboração dos óculos, cujo funcionamento explicam detalhadamente aqui.
Graças a uma pequena corrente eléctrica, a graduação pode ser mudada e a distância focal é adaptada facilmente a diferentes situações.
Para gerar a corrente eléctrica, têm incorporados um botão e sensores de movimento, o que permite que seja o utilizador ou as próprias lentes a fazer a adaptação, através de movimentos da cabeça.
O objectivo é acabar com as tradicionais lentes progressivas.
«Os óculos, na sua essência, não têm mudado muito desde que se inventaram. Os nossos supõem um novo conceito, especialmente para as pessoas que utilizam lentes progressivas, que são os adultos com mais de 45 anos», referiu o director da PixelOptics na Europa.

domingo, 8 de agosto de 2010

Carros movidos a bactérias. É possível?

Enzimas podem «criar» combustível a partir do ar
Pode parecer impossível para os leigos, mas os cientistas não afastam a hipótese. Os carros podem vir a ser, um dia, movidos a ar, através do uso de bactérias.
Os cientistas descobriram uma enzima nas raízes das sementes de soja que pode ser utilizada como energia para mover os automóveis, avança a «Chemestry World».
A Vanadium Nitrogenase consegue produzir amoníaco a partir de nitrogénio, já usado actualmente para encher pneus em alternativa ao ar normal, porque permite maior resistência e menor desgaste. Os cientistas acreditam também que esta substância orgânica de natureza proteica poderá converter monóxido de carbono em propano.
Embora a pesquisa ainda esteja numa fase embrionária e seja necessário algum tempo até que se atinjam resultados mais palpáveis, os especialistas acreditam que este pode ser o caminho para criar um combustível amigo do ambiente e até, quem sabe, gasolina.
In “TVI24”

domingo, 1 de agosto de 2010

Tradutor automático pronto para a batalha

Investigadores americanos conseguiram produzir um tradutor automático fiável para zonas de guerra. As primeiras experiências práticas indicam que o equipamento desenvolvido pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA (NIST) poderá salvar vidas de soldados e civis apanhados em situações ambíguas no campo de batalha.
O tradutor automático deverá ser usado em breve pelo exército americano do Afeganistão, onde há grande falta de tradutores de Pastune nas forças ocidentais (a tarefa é perigosa, mas também houve casos de tradutores que trabalhavam para os rebeldes).
A nova máquina é politicamente neutra, mas poderá ser usada em múltiplos cenários. Um militar fala para um telefone e a frase é convertida em texto, que um software especial transforma em mensagem oral da língua que se pretende utilizar.
As primeiras experiências feitas em Pastune com dialecto de Kandahar foram bem-sucedidas. O equipamento poderá ser utilizado para traduzir frases inglesas para dari (outra língua muito utilizada no Afeganistão) mas também para árabe iraquiano. A avaliação ainda não terminou, mas é provável que os tradutores mecânicos surjam no campo de batalha dentro de meses.

In “DN Ciência”

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ninho de estrela gigante mostra como elas nascem

Investigadores apanharam pela primeira vez uma estrela com 20 vezes mais massa que o Sol no interior do disco onde ela está a formar-se
São estrelas gigantes, de grande escala, e até agora não se sabia se o processo do seu nascimento era idêntico ao das estrelas mais pequenas, ou com menor massa, como é o caso do Sol. Mas um estudo publicado hoje na revista Nature lança uma nova luz sobre esse mistério. Um grupo de investigadores apanhou uma dessas estrelas em fase de embrião e descobriu que o processo de nascimento destas estrelas gigantes, afinal, é idêntico ao das outras, de menor massa.
"As nossas observações mostram um disco em torno de uma jovem estrela massiva em embrião, que está totalmente formada e prestes a eclodir", explicou o investigador Stefan Kraus, da universidade de Michigan, nos EUA, que coordenou o estudo.
A equipa de astrónomos utilizou imagens do telescópio espacial Spitzer e do Apex, em terra, para observar um objecto localizado na constelação de Centauro, a 10 mil anos-luz da Terra, que tem 20 vezes a massa do Sol e cinco vezes o seu raio.
Os astrónomos verificaram então que existiam ali jactos de materiais e com novas observações acabaram por perceber que se tratava do embrião de uma estrela gigante que ainda está envolta na "casca" do seu disco.
"Esses jactos são comuns em volta de jovens estrelas de menor massa e geralmente indicam a presença de um disco", contou o coordenador da investigação.
Era esse o caso, mas para uma estrela massiva, o que acabou por ser um prémio adicional, já que isso permitiu concluir que estas estrelas se formam da mesma maneira.
Os discos em torno das estrelas em formação são essenciais no caso das estrelas de menor massa. No entanto, não se sabia se o mesmo aconteceria para estrelas pelo menos 10 vez maiores do que o Sol. Supunha-se, nomeadamente, que a emissão luminosa muito forte do objecto pudesse impedir a congregação da massa para a formação da própria estrela. Afinal não é assim.
Para poderem caracterizar as propriedades daquele disco, a equipa utilizou o conjunto dos very large telescopes (VLT) instalados no Chile pelo European Southern Observatory (ESO). E foram as imagens assim obtidas que revelaram a presença do embrião estelar no interior do disco.
in "DN Ciência"

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Óvulo congelado tem mesma eficácia que fresco em fertilização

Óvulos congelados têm a mesma qualidade dos óvulos frescos nas taxas de sucesso de uma gravidez.
A conclusão é de uma pesquisa feita no decorrer de dois anos pelo Instituto Valenciano, na Espanha, o maior centro de reprodução assistida do mundo.
Após analisar 600 óvulos (parte congelada, parte não), os pesquisadores concluíram que as taxas de gravidez com gametas congelados foram de 43,7% em comparação com a taxa de 41,7% com os frescos: praticamente iguais.
O estudo mostrou que não houve uma taxa maior de malformação nos bebés gerados com óvulos congelados.
Esse resultado é o primeiro passo para estimular a criação de bancos de óvulos, semelhantes aos de sémen.
Até pouco tempo atrás, havia dúvidas sobre a qualidade dos óvulos congelados.

OS MÉTODOS

O congelamento lento, usado até então, demorava cerca de uma hora e tinha resultados desanimadores.
Cristais de gelo se acumulavam no óvulo, matando-o. A cada 25 submetidos ao processo, só um resistia.
Os pesquisadores espanhóis congelaram os óvulos usando uma técnica mais nova, a vitrificação. Ela leva menos de um minuto e evita a formação de gelo no óvulo.
"Ninguém conseguia ter bancos de óvulos porque os resultados do descongelamento eram ruins. Muitos óvulos se perdiam. Agora, as coisas tomam outro rumo", diz o ginecologista Carlos Alberto Petta, da Unicamp.
Edson Borges, da clínica Fertility, concorda. "É mais um passo na discussão da preservação da fertilidade."
Demonstrar que os óvulos congelados proporcionam gravidez assim como os frescos abre vantagens para três perfis de mulheres.
Podem se beneficiar aquelas na casa dos 35 anos que pretendem adiar a gestação, mulheres em tratamento de câncer que querem preservar a fertilidade e aquelas que querem doar óvulos depois de passar pelo processo de reprodução assistida.
"A técnica de vitrificação provou estar estabelecida. Isso abre perspectivas para a criação de bancos de óvulos, que permitem optimizar a reprodução assistida com mais segurança", diz Artur Dzik, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
Para Eduardo Pandolfi Passos, vice-presidente da Associação Latino-Americana de Reprodução Assistida, a criação de bancos de óvulos evita a discussão ética e religiosa sobre o que fazer com embriões congelados, que não podem ser descartados pelas clínicas.
"É um problema de logística e armazenamento. Em 2006, tínhamos 20 mil embriões congelados. Hoje, são 60 mil. Esse trabalho mostra que a tendência é congelar óvulos em vez de embriões."

Fonte:
http://www.circuitomt.com.br/

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Gato Oscar recebe patas biónicas em cirurgia pioneira

O gato britânico Oscar juntou-se a um grupo muito selecto: é um dos raríssimos animais com membros biónicos, especificamente as duas patas traseiras que lhe tinham sido decepadas num acidente.
Óscar sofreu um acidente com uma debulhadora.
A intervenção cirúrgica — pioneira — colocou nas pernas do gato umas cavilhas metálicas que ligam os tornozelos a patas protésicas e simulam a forma como as armações dos veados crescem sob a pele. A operação foi feita pelo veterinário Noel Fitzpatrick e é narrada no documentário da BBC The Bionic Vet.
Oscar sofreu um acidente com uma debulhadora em Outubro, quando estava deitado ao sol numa quinta das British Channel Isles. Os donos levaram-no ao veterinário local, que recomendou a intervenção do cirurgião veterinário Fitzpatrick.
Com a ajuda de peritos em engenharia biomédica, foram criadas as patas falsas de forma a ficarem ligadas ao osso e à pele. “Isto permite que o implante funcione como um pêndulo na base dos membros do animal, dando-lhe um movimento normal”, descreve o veterinário. “O Oscar pode agora andar e saltar tal como os outros gatos”.
A tecnologia usada — próteses de amputação intraósseas e transcutâneas (Itap) — está a ser testada em humanos e já foi utilizada para criar um braço para uma mulher, ferida nos atentados à bomba de Londres, em 2005.
(in Púbçlico.pt)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Computadores desaconselhados a crianças com menos de 9 anos

As crianças com menos de nove anos não deviam ter contacto com computadores, pelo menos na opinião de um psicólogo conceituado que está a gerar polémica em terras de Sua Majestade.Aric Sigman diz que a exposição precoce ao ecrã do PC, assim como ao televisor, em escolas e infantários está a ameaçar o desenvolvimento das gerações mais novas, impedindo-as de ter uma percepção do mundo real correcta primeiro.Criticando a aposta do Governo britânico na "educação tecnológica" desde os primeiros anos de idade - mais precisamente a partir dos 22 meses -, o investigador explica que o cérebro de uma criança necessita de passar primeiro por experiências a três dimensões reais. "As crianças precisam de agarrar, sentir, tocar, provar e mover coisas reais para educar a sua infraestrutura neurológica e cognitiva com um entendimento básico do mundo real".Embora admita que as novas tecnologias podem ser uma ferramenta poderosa, Aric Sigman defende que as mesmas só devem ser introduzidas e usadas em idades mais avançadas, idealmente a partir dos nove anos, ou podem subverter o desenvolvimento das capacidades cognitivas e a curiosidade que deveriam incentivar e melhorar."Temos sido pressionados para acreditar que as crianças devem começar cedo a 'mexer' com as tecnologias, senão 'ficam para trás'. O risco de 'ficar para trás' pode acontecer não de serem iniciadas nas tecnologias demasiado tarde, mas sim por começarem demasiado cedo", alerta o psicólogo.Sigman defende assim a revisão da política educativa, afirmando que estimular uma criança através de sensações audiovisuais, não é a mesma coisa que educar. Apela por isso à criação de uma "área" livre de tecnologia. "Isto permitirá às crianças desenvolverem o seu pensamento e capacidades sociais sem a distorção que poderá ocorrer através da utilização prematura das TIC".

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Faro de cão ajuda doente com diabetes

Treinada para detectar a queda do nível de açúcar no sangue, uma cadela de raça "labrador", tem ajudado uma menina britânica a não entrar em coma por causa de diabetes.
“Ela salva a minha vida”, diz Rebecca Farrar, de seis anos, a primeira criança a receber um cão para este efeito. “Ela é a minha melhor amiga”, acrescenta a criança, citada pela BBC.
Shirley é o nome da cadela, um dos dez animais treinados para alertar diabéticos quando a sua condição piora, que acompanha Rebecca, com diabetes tipo 1 diagnosticados há quatro meses.
A cadela sente uma mudança de odor do corpo de Rebecca sempre que o seu nível de açúcar baixa ou sobe, cheiro que não é detectado pelos seres humanos.
Segundo Claire, mãe de Rebecca, “Shirley percebe a queda do nível de açúcar rapidamente e começa a lamber as mãos e as pernas de Rebecca até ela beber uma coca-cola ou ingerir açúcar, de modo a elevar os seus níveis de açúcar novamente. Quando a taxa está muito alta, Shirley também sente e alerta”.
A mãe defende ainda que a presença do animal na casa tornou a vida de todos mais fácil. “Ela tinha uma crise a cada dois dias. Às vezes eu socorria-a pouco antes de ela entrar em coma, outras vezes tinha de chamar uma ambulância”, disse Claire.
A entidade que concedeu a cadela à família, “Cancer & Bio-detection”, treina os animais para detectarem todo o tipo de doenças, incluindo o cancro.
“O que descobrimos nos últimos anos é que os cães são capazes de detectar doenças humanas pelo odor. Quando a nossa saúde altera, temos uma pequena alteração do odor no nosso corpo. Para nós é uma diferença mínima, mas para o cão é fácil de notar”, Claire Guest da organização da entidade beneficente.

sábado, 26 de junho de 2010

Uma pequena dúvida

Gostando eu de fazer caminhadas após o términos do almoço, percorro várias ruas da minha aldeia.
Ao longo desse trajecto passo por vários contentores de lixo. Na maior parte deles (pois alguns já acusam o passar das intempéries) existem, logo por baixo do escudo da cidade e pintadas em letras bem grandes a seguinte frase: “Afixação punida pela lei”.
Estes dizeres têm a sua razão de ser, pois como é um bem que é posto à disposição das comunidades por parte da autarquia de modo a facilitar a recolha de lixo sem que essas populações não tenham de se deslocar muito além de alguns breves passos das suas habitações, tem de ser bem tratado.
Mas esta frase, a meu ver, peca por defeito: apesar de todos sabermos que incorre numa infracção quem comete um acto delinquente deste tipo, acho que seria conveniente que, a par dela, fosse afixada a que termos da lei se baseia tal punição.
Procedendo deste modo, as autarquias elucidariam as populações sobre os crimes em que ocorrem quando procedem negligentemente contra este tipo de bens comuns e que devem ser preservados por cada um para o bem de todos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vítima processou empresa e pede indemnização de 100 mil dólares para despesas médicas

O serviço Google Maps da Google dá sugestões de caminhos mais curtos ou mais longos para chegarmos ao nosso destino. Mas desta vez o que parecia ir facilitar a vida a uma utilizadora, só complicou. A norte-americana Lauren Rosenberg está a processar a empresa pelas indicações erradas que lhe prestou, já que acabou por ser atropelada.
A mulher confiou nas directrizes sobre percursos pedonais dadas pelo Google Maps e desembocou numa auto-estrada movimentada. O resultado?
Lauren Rosenberg foi atropelada e pede agora 100 mil dólares de indemnização para cobrir as despesas médicas de que foi alvo, segundo a «PC World». Além da Google, também o condutor do veículo que atropelou esta mulher está a ser alvo de um processo.
O episódio ocorreu a 19 de Janeiro deste ano. A mulher queria obter a melhor trajectória a partir do número 96, Daly Street, Park City, Utah, para o número 1710 Prospector Avenue, Park City, Utah. Lauren Rosenberg utilizou o serviço do Google Maps no seu Blackberry que lhe sugeriu uma caminhada que viria a revelar-se desastrosa.
A queixa apresentada por Rosenberg classifica de «imprudente e negligente» a «prestação de direcções inseguras». E alega que o acidente provocou danos de foro «físico, emocional e lesões mentais, incluindo dor e sofrimento».
No entanto, a Google costuma advertir os utilizadores que usam o Google Maps para o facto de o percurso seleccionado poder saltar caminhos pedestres: «As direcções a pé estão em versão beta. Tenha atenção - Este trajecto poderá não incluir passeios ou caminhos para peões» é o aviso que se lê numa situação dessas. Quem será o culpado?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Do oitavo para o décimo

Durante o mês de Maio transacto, o actual executivo emanou uma directiva em que permitia a alunos que frequentam o oitavo ano de escolaridade e tenham completado o décimo quinto aniversário, a possibilidade de transitarem directamente para o décimo ano.
Esta norma parece-me muito injusta com ambas as partes: com os alunos que frequentam o nono ano e com os que frequentam o oitavo ano.
Para os alunos que frequentam o nono ano e têm seguido o percurso académico normal à custa do seu esforço, verem-se ultrapassados por colegas que andaram “a brincar até agora”, pode manifestar-se um tanto ou quanto desmotivador.
Para poderem ingressar no décimo ano, os alunos do oitavo terão de proceder a um exame de admissão Caso consigam ultrapassar este obstáculo, o aluno ficará contente por transitar directamente para o décimo mas, ao saltar um ano, vão falta-lhes bases para conseguir prosseguir esses mesmos estudos.
Na minha opinião, esta directiva só vai aumentar o número de alunos que abandonam a escola, pois os alunos oriundos do oitavo ano não vão acompanhar as matérias, acabando, por eles próprios não se sentirem bem e desistir, aumentando, assim, o número de alunos que contribuem para o aumento do abandono escolar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Cachorro também é 'o melhor amigo do homem' no campo da genética

Cães contribuem nas pesquisas de doenças como câncer, epilepsia, diabetes e problemas cardiovasculares

BRUXELAS - Um grupo de pesquisadores da União Europeia (UE) demonstrou que o cachorro é o melhor amigo do homem também no campo da genética, por contribuir para pesquisas médicas com informações sobre a patogenia de doenças como câncer, epilepsia, diabetes e problemas cardiovasculares.
JF Diorio/AEUE investe em projecto que pesquisa doenças em cães que são similares às que atingem seres humanos. Este projecto faz parte das pesquisas mais inovadoras financiadas pela Comissão Europeia (órgão executivo da UE), algumas das quais foram apresentadas em uma Conferência sobre Pesquisa e Inovação em Saúde realizada em Bruxelas.
Baptizada de "Lupa", em homenagem à lendária loba que amamentou os gémeos Rómulo e Remo, fundadores da cidade de Roma, a iniciativa reúne 20 veterinários de 12 países que, desde 2008, recolhem mostras de DNA de cães de raça saudáveis e de outros afectados por doenças similares às que atingem os seres humanos.
Este trabalho, financiado por 12 milhões de euros, será concluído em 2012. Ele foi apresentado em entrevista colectiva por Kerstin Lindblad-Toh, professora da Universidade de Uppsala, na Suécia.

sábado, 12 de junho de 2010

Spray pode por fim à ejaculação precoce

A universidade da Califórnia tem boas notícias para os casais
Um estudo apresentado pelo departamento de urologia da Universidade da Califórnia exibiu novidades promissoras para homens com problemas sexuais.
A pesquisa aponta para um novo tipo de composto capaz de fazer os homens terem uma erecção até cinco vezes mais duradoura que o comum e sanar as dificuldades de quem sofre, por exemplo, de ejaculação precoce.
Apresentado como uma “evolução do Viagra”, o composto é uma mistura de lidocaína com prilocaína e deve ser aplicado sobre o órgão masculino até cinco minutos antes de uma relação sexual. Os cerca de 500 homens que participaram voluntariamente da pesquisa apresentaram sensível melhora no desempenho sexual após o uso do spray.
De acordo com um relatório divulgado pela universidade, o produto seria recomendável para homens com idade entre 18 e 59 anos com problemas de ejaculação precoce ou dificuldade de manter a erecção por tempo suficiente para uma relação satisfatória.
A substância, diz o estudo, é capaz de retardar a acção que chega do sistema nervoso para o homem ejacular e, de quebra, aumenta a pressão sanguínea no órgão masculino, condição necessária para uma erecção mais firme.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dez mil surdos portugueses sem acompanhamento escolar

Dez mil surdos portugueses estão sem o devido acompanhamento escolar, por não terem professores que «gestualizem» com eles, denunciou o professor da Universidade Portucalense, no Porto, António Vieira.
Para o autor do «Gestuário de Língua Gestual Portuguesa» (1991), «o Governo demitiu-se das suas responsabilidades no que respeita à formação de professores para alunos surdos, o que resulta numa grave discriminação social para quem sofre desta deficiência».
As críticas de António Vieira foram feitas à margem de duas conferências promovidas hoje no Porto pela Universidade Portucalense (UPT) em parceria com a Associação Nacional de Docentes de Educação Especial. Em comunicado difundido pela UPT, António Vieira recorda que a língua gestual portuguesa foi reconhecida em 1997 como língua oficial de Portugal e língua materna da comunidade surda portuguesa.
«Se na escola, nos diferentes graus de ensino, o professor não tem competências para comunicar com um surdo, então, ao nível da formação, o Governo distingue entre portugueses de primeira e de segunda categoria», acusa o docente.

domingo, 6 de junho de 2010

Cientistas criam retina a partir de células tronco embrionárias

Foram criadas oito camadas de células, que formam o estágio inicial de uma retina. Usando células-tronco embrionárias humanas, o estudo é um marco no desenvolvimento de retinas totalmente transplantáveis no futuro.
Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, criaram o estágio inicial da primeira retina humana feita em laboratório. Contendo oito camadas de células, a retina foi construída a partir de células-tronco embrionárias humanas. Esta é a primeira estrutura tridimensional feita com células-tronco.
O avanço marca o primeiro passo rumo ao desenvolvimento de retinas totalmente prontas para o transplante.

Diferenciação das células-tronco
O trabalho traz novas esperanças para pacientes com distúrbios oculares, como a retinose pigmentar e a degeneração macular, doenças que afectam milhões de pessoas, e que sofrem com a falta de doadores. "Nós construímos uma estrutura complexa constituída de vários tipos de células", disse o coordenador do estudo, Hans Keirstead. "Este é um grande avanço em nossa busca para tratar doenças da retina."
Em estudos anteriores sobre lesões da medula espinhal, o grupo de Keirstead desenvolveu um método pelo qual as células-tronco embrionárias humanas podem ser direccionadas para formar tipos específicos de células, um processo chamado diferenciação. O prosseguimento desses trabalhos já está permitindo o início dos primeiros testes clínicos utilizando uma terapia à base de células-tronco para tratar lesões agudas da medula.

Gradientes de solução
Neste novo estudo, os cientistas utilizaram a técnica de diferenciação para criar vários tipos de células necessárias para formar a retina. O maior desafio, conta Keirstead, foi na engenharia. Para imitar a fase inicial de desenvolvimento da retina, os pesquisadores precisaram construir gradientes microscópicos para as soluções nas quais as células-tronco foram mergulhadas para iniciar rotas de diferenciação específicas.
"A criação deste tecido complexo é um marco no campo das células-tronco," disse Keirstead. "O Dr. Gabriel Nistor, membro do nosso grupo, resolveu um problema científico realmente interessante com uma solução de engenharia, mostrando que os gradientes de solução permitem criar tecidos complexos com células-tronco."

Retinas artificiais para transplantes
A retina é a camada interna posterior do olho, que registra as imagens que uma pessoa vê e as envia através do nervo óptico até o cérebro. "O que é mais entusiasmador com a nossa descoberta é que a criação de retinas transplantáveis de células-tronco poderia ajudar milhões de pessoas, e estamos nesse caminho," disse Keirstead.
Os pesquisadores estão testando essas retinas primordiais artificiais em modelos animais para saber o quanto elas melhoram a visão. Se os resultados forem positivos, o próximo passo será fazer ensaios clínicos em humanos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Eucaristia vista por um invisual

O som desperta a memória para imagens de outros tempos, o cheiro torna-se familiar e o paladar traz recordações que hoje ajudam Manuel Lopes Dias a ver
a vida de outra forma.
A vivência da Eucaristia hoje é diferente. Os sentidos estão agora mais despertos e vêem o que os olhos não conseguem mais ver desde que aos 23 anos uma mina na Guerra do Ultramar, em Moçambique, lhe tirou a visão. Mas é com profundidade que Manuel Lopes Dias aceita o convite para semanalmente celebrar o memorial do Sangue e Corpo de Cristo.
Numa entrevista à Ecclesia, Manuel Dias, coronel e vice-presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armada, confessa que não vai à missa todos os Domingos, mas em cada Eucaristia que celebra descobre sempre um aspecto novo.
Manuel Dias não vê e por isso, é através dos sons, dos cheiros e do paladar que celebra vivamente o sacramento da Eucaristia.
“Eu quase que como as palavras que ouço. Como-as e medito nelas”, afirma.
As palavras não são novas mas, afirma, “há sempre um aspecto novo”. Ao sair da Eucaristia, o vice-presidente da ADFA não quer falar, mas opta por, nos momentos seguintes “desfrutar” ainda da vivência eucarística.
A Eucaristia é, segundo o director de Liturgia do Patriarcado de Lisboa, o Cónego Luís Silva, celebrada por homens concretos, com cinco sentidos, e por isso a corporeidade está presente.
“O cheiro dos incensos, a palavra, a música, a beleza dos paramentos apreciados através da visão, no fundo são os sentidos do ser humano que participam na celebração”.
O homem celebra “um mistério que o transcende, mas esse mistério é celebrado por homens concertos, com cinco sentidos”.
A Eucaristia é celebrada em comunidade. Um grupo de pessoas reunidas que se tornam presentes mesmo para quem não as vê. Manuel Dias sente a comunidade pulsar nos diferentes momentos da Eucaristia mesmo quando esta não tem noção dos seus movimentos.
“Quando vou à igreja sinto-me rodeado pela comunidade, sejam crianças, jovens, idosos, homens e mulheres. É uma presença que se sente através do tacto, dos cheiros, pelo andar ou até pelo barulho que as pessoas fazem”, traduz o Coronel.
A comunidade torna-se efectiva quando reza a oração do «Pai-nosso». Esta é a oração comunitária eleita por Manuel Dias.
“Sinto uma vibração enorme quando se reza o «Pai-Nosso»”.
Entrar numa igreja é um convite espiritual que na rotina diária se esconde, mas que não escapa a quem vê de forma única. O cheiro do incenso é para Manuel
Dias um convite imediato à espiritualidade.
“O incenso dá-me um ambiente espiritual de elevação, de serenidade, um apelo à interioridade”.
Sem ver o turíbulo a incensar o Evangeliário, o altar ou a assembleia, Manuel Dias imagina o incenso a subir.
Explica o Cónego Luís Silva que a incensação traduz a uma “envolvência”.
“A assembleia, os dons, o pão e o vinho, o altar, o crucifixo e o presidente são incensados, porque todos são divinos”.
O comungar é para Manuel Dias a recordação mais antiga que tem. “O paladar é igual ao de sempre”.
Depois da consagração dos dons por parte do presidente da celebração, Manuel Dias aguarda o partir da hóstia.
“Mesmo se estiver no fundo da igreja, eu ouço o padre a partir a hóstia. Ouço-o porque estou à espera disso para acompanhar a cerimónia”.
Manuel Dias vive a Eucaristia de forma sensitiva. Os seus sentidos aliam-se à razão e mostram um mundo novo, diferente da rotina em que se esconde a fé partilhada. O invisível fica visível perante o olhar de um invisual.
“Uma igreja antiga tem um cheiro diferente, cheira a milhares de pessoas que ali passaram. As pedras sugam as pessoas que ali passaram e sentimos um cheiro diferente”.
O alimento, o sentir a comunidade, o cheiro, a palavra escutada são um convite completo deixado como memorial para ser celebrado por todos os homens.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Novo método promete detecção precoce de câncer de ovário

Um novo método de detecção precoce do câncer de ovário em mulheres na menopausa, que têm um risco médio de desenvolver a doença, se mostrou promissor, segundo um estudo clínico cujos resultados foram divulgados nesta quinta-feira.
A estratégia é baseada em um modelo matemático chamado ROCA (Risk of Ovarian Cancer Algorithm), que integra a evolução dos resultados das análises de sangue da CA-125 (proteína cuja taxa aumenta com a presença de câncer de ovário) a idade da paciente, a ecografia transvaginal e o exame do especialista.
"Mais de 70% dos casos de câncer no ovário são diagnosticados em estado avançado, o que faz de um método de detecção eficaz no início da doença uma espécie de Graal", explicou a doutora Karen Lu, professora do centro de câncer Anderson, da Universidade do Texas.
A doutora Lu apresentou o estudo em teleconferência organizada pela American Society of Clinical Oncology (ASCO). "Se os resultados forem confirmados em estudos mais amplos, este novo método de detecção pode se converter em uma ferramenta relativamente barata e útil para detectar câncer de ovário nas primeiras fases de desenvolvimento, quando a cura ainda é possível, mesmo com os mais agressivos".
O estudo envolveu 3.238 mulheres na menopausa, com entre 50 e 75 anos, sem antecedentes familiares particulares de câncer de ovário ou de mama. O grupo foi analisado durante oito anos.
Com base no teste ROCA, 99,7% dos tumores foram detectados nas primeiras fases, o que também permitiu identificar uma taxa muito baixa de falsos alertas. Um estudo com 200 mil mulheres para avaliar o ROCA está actualmente em curso na Grã-Bretanha e deve ser concluído em 2015.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Tratamento com remédios retrovirais reduz em 92% a transmissão do HIV

Pesquisadores sugerem testes de baixo custo que apontem necessidade ou não do tratamento
Pacientes HIV positivos em tratamento com medicamentos retrovirais têm reduzida em até 92% a chance de transmitir o vírus da sida em relações heterossexuais, aponta estudo publicado na última edição da revista Lancet.
Pesquisadores acompanharam no estudo 3.381 casais de sete países africanos
O estudo, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates, revelou o benefício que o tratamento antiretroviral oferece principalmente para pessoas com Sida que tenham contagem CD4 de HIV-1 de 200 cópias por ml no sangue.
Os pesquisadores também descobriram que a transmissão do HIV por pessoas com contagem próxima a 200/ml é maior na comparação com aqueles com contagem de aproximadamente 50.000/ml, sugerindo que a aplicação de tratamento com retrovirais no segundo grupo pode ter uma expressiva efectividade na redução de contaminação na população mundial.
No estudo, pesquisadores norte-americanos, comandados pela Dra. Deborah Donell, avaliaram durante 24 meses um total de 3.381 casais de sete países africanos, estes constituídos por um pessoa HIV positivo e um companheiro HIV negativo, que passava por testes de sida a cada três meses. Cerca de 10% dos pesquisados HIV positivos iniciaram o tratamento antiretroviral durante a pesquisa, apresentando contagem CD4 menor de 200/ml. Nesse grupo, a taxa de transmissão ficou em 0,37 em cada 100 pessoas por ano e, após reajuste, revelando uma redução de 92% na contaminação do vírus nos pacientes HIV negativos.
No grupo de pacientes que não estavam fazendo tratamento com antiretrovirais, também com contagem CD4 menor de 200/ml, o índice de transmissão ficou em 8,79 em cada 100 pessoas por ano. Cerca de 70% desses contágios ocorreram por indivíduos com contagem de HIV-1 no plasma acima de 50.000 cópias/ml.
"Desenvolver testes de baixo custo que avaliem a concentração de HIV-1 no plasma ajudará a alertar as pessoas sobre a necessidade de iniciarem o tratamento com retrovirais e, consequentemente, ajudar a reduzir o índice de contaminação da doença", afirmam os pesquisadores no artigo publica.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Alérgicos têm menos probabilidade de ter cancro

Cientistas de diversas universidades americanas sugerem que os alérgicos também têm menos hipóteses de desenvolver cancro. De acordo com a investigação, as reacções adversas estimulam o sistema imunológico, ajudando a evitar diversos tipos de tumor, noticia o site brasileiro Veja.com.
Segundo a Universidade Texas Tech, os asmáticos têm 30% menos probabilidade de ter cancro nos ovários.
Já um estudo coordenado pela Universidade Cornell indica que as crianças com alergia a substâncias transportadas pelo vento, como a poeira, são 40% menos propensas a desenvolver leucemia.
"É difícil provar a ligação [entre alergia e cancro] e vi muita gente céptica quanto a isso, mas o conceito existe e as investigações apoiam-nos ", afirma Ronald Crystal da Universidade Cornell. "As alergias geralmente activam o nosso sistema imunológico", acrescenta.
Os médicos da Cornell destacam ainda que as alergias podem reduzir o risco de uma criança ter cancro na garganta, pele, pulmão e intestinos.
Na Universidade do Minnesota, investigadores dizem que as alergias podem diminuir os riscos de linfoma não-Hodgkin e cancro no estômago.
Já os cientistas de Harvard observaram uma "intensa relação" entre o cancro no cérebro e a asma, o eczema, a febre dos fenos e outras alergias.
Há ainda um estudo canadiano que sugere que os alérgicos têm 58% menos hipóteses de desenvolver cancro no pâncreas.

sábado, 22 de maio de 2010

Portugal: 25 espécies em perigo

Quercus revela lista para prioridade na conservação

Morcego dos Açores, boga portuguesa, freira da Madeira, furo bucho, priôlo, escalo do Mira, lobo-marinho, silene rothmaleri, plantago almogravensis ou narciso do Algarve são algumas das 25 espécies que a Quercus considera exigirem cuidados prioritários de conservação, escreve a Lusa.
A associação ambientalista escolheu 25 espécies, 13 de vertebrados e 12 da flora, características de algumas regiões portuguesas ou ibéricas e que estão em perigo de extinção, tendo escolhido o Dia Internacional da Biodiversidade, que se assinala no Sábado, para divulgar a lista.
O lince ibérico, alvo de um programa de recuperação de Portugal e Espanha, é a espécie listada mais conhecida devido às várias iniciativas de sensibilização para a sua conservação e reprodução em cativeiro para posteriormente libertar animais no seu habitat natural.
Paulo Lucas, da Quercus, explicou que o objectivo da iniciativa é «salientar a necessidade e a urgência de se efectuar uma conservação activa das espécies e dos seus habitats» pelas associações e entidades públicas.
Ficaram de fora alguns «grupos», como os invertebrados, musgos e líquenes, para os quais o conhecimento científico ainda é insuficiente para a elaboração de listas correctas, especificou.
A razão mais frequente para a situação de ameaça das espécies relaciona-se com os habitats, afectados pela acção humana ou por alterações naturais.
Entre as espécies apontadas pela associação estão alguns peixes como a boga portuguesa, que se encontra nas bacias hidrográficas do Tejo e Sado, o saramugo, da bacia do Guadiana, o escalo do Mira ou o boga do sudoeste, dos rios Mira e Arade.
Na lista está o priôlo, uma ave endémica da ilha de S. Miguel, «criticamente em perigo», principalmente devido à perda de habitat favorável, pois a floresta laurissilva é «fortemente pressionada» por espécies vegetais invasoras, explica a Quercus, acrescentando que está em curso um programa de preservação da espécie.
Igualmente do arquipélago açoriano é o morcego dos Açores e a estrelinha da ilha de Santa Maria, enquanto a freira da Madeira é uma ave endémica do arquipélago madeirense e é considerada «uma das espécies de aves marinhas mais ameaçadas da Europa».
O lobo marinho é uma espécie «criticamente em perigo de extinção a nível global», com um baixo efectivo populacional, que surge como residente no arquipélago da Madeira, segundo a Quercus.
Entre a flora, a marsilea quadrifolia, uma espécie semi-aquática, «encontra-se em estado crítico e pensa-se que poderá estar extinta na natureza», embora tenha sido localizada na margem do Douro, em Trás-os-Montes.
A plantago algarbiensis, corre «sério risco» devido à acção humana e a sua área de distribuição limita-se a 30 hectares na região de Tunes, Guia e Algoz.
A única população mundial conhecida do narciso do Algarve localiza-se nas margens da ribeira de Quarteira e a veronica micrantha está afectada pela redução progressiva dos carvalhais.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Supercomputador usado para desenvolver medicamentos

Um supercomputador de um centro de investigação do Texas (Estados Unidos) está a ser utilizado para desenvolver novos medicamentos de forma mais rápida e barata, anunciou a Fundação Nacional de Ciência norte-americana, noticia a Lusa.
A fundação, que é uma das financiadoras do projecto, explicou que a descoberta de um novo medicamento resulta de um «esforço hercúleo», já que, em média, leva 15 anos e mais de 800 milhões de dólares (cerca de 648 milhões de euros) gastos em pesquisa e desenvolvimento.
Por isso, o uso de informática avançada é «crucial», uma vez que pode simular virtualmente a ligação entre proteínas e iões ou moléculas e de uma forma muito mais rápida do que em laboratório.
As possibilidades de cura são, assim, reduzidas de milhões para centenas de hipóteses. Vários medicamentos que inibem o desenvolvimento do vírus VIH foram descobertos assim, informou ainda a fundação.
O trabalho está a ser desenvolvido pelo cientista Pengyu Ren. Este professor de engenharia biomédica na Universidade do Texas, em Austin, está a tentar resolver a questão de existir um grande grupo de ligações entre proteínas e moléculas.
A equipa do investigador está a testar e a desenvolver modelos computacionais para «reproduzir os dados experimentais relatados na literatura [académica]».
Este estudo é apresentado como um dos mais abrangentes nesta área através de simulações de todos os átomos.
«Antigamente, os atalhos eram necessários para se conseguir maior velocidade. Os investigadores fizeram aproximação de modelos físicos porque os computacionais eram muito caros», notou Pengyu Ren. «Agora, neste recurso ao computador, também é acrescentado um trabalho adicional do ramo da Física para «obter previsões mais precisas».
Estão a ser aplicados 200 conjuntos de 10 famílias de proteínas e o resultado que for considerado como mais eficaz e que seja comprovado de «forma consistente», os químicos deverão utilizá-lo, considerou Michael Gonzalez, director de programa de Ciências da Vida no mesmo centro norte-americano.
Ren também procura inibidores de proteínas que podem estar envolvidos em cancro ou outras doenças.
«Em caso de sucesso poderão ser projectadas possibilidades de medicamentos mais potentes, mas com menos efeitos secundários», afirmou.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Paralisia Cerebral

O que é a Paralisia Cerebral?
A Paralisia Cerebral é uma perturbação do controlo da postura e movimento que resulta de uma anomalia ou lesão não progressiva que atinge o cérebro em desenvolvimento.
Em cada 1000 bebés, em média dois serão afectados por Paralisia Cerebral.
Há um enorme espectro de gravidade. Algumas crianças terão perturbações ligeiras, quase imperceptíveis. Outras terão grave incapacidade, sendo totalmente dependentes nas actividades da vida diária.

Problemas associados
Para além das perturbações motoras, são frequentes nas pessoas com Paralisia Cerebral: atraso cognitivo, perturbações visuais e auditivas, epilepsia, dificuldades de aprendizagem e défice de atenção. Nas formas tetraparéticas são ainda comuns dificuldades alimentares, perturbações nutricionais e infecções respiratórias.
As alterações motoras da Paralisia Cerebral aumentam ainda o risco de patologia ortopédica secundária.

Quais são as causas de Paralisia Cerebral?
Numa grande parte dos casos as causas estarão presentes antes do nascimento da criança (causa pré-natal). Destas, algumas crianças nascem com malformações cerebrais que podem ser o resultado de exposição a tóxicos ou infecções durante a gravidez.
As lesões cerebrais podem instalar-se durante ou pouco tempo após o nascimento (causa pré-natal). Em maior risco destas lesões encontram-se os prematuros (principalmente grandes prematuros), os recém-nascidos de muito baixo peso de nascimento, os que têm asfixia grave ao nascer, os que sofreram hemorragias cerebrais.
As principais causas de Paralisia Cerebral após o nascimento (pós-natal) são a asfixia, os traumatismos cranianos, e as sequelas de infecções afectando o cérebro.
Num grande número de casos não é possível, actualmente, determinar a causa da Paralisia Cerebral.

O diagnóstico e o prognóstico da Paralisia Cerebral
O diagnóstico de Paralisia Cerebral é habitualmente suspeitado pela associação de atraso na aquisição das competências motoras e alterações do tónus muscular, reflexos e padrões de movimento.
Nos primeiros meses de vida é por vezes difícil estabelecer o diagnóstico e o prognóstico (previsão das limitações que a criança terá no futuro), sendo por vezes necessário aguardar alguns meses até que possam ser assumidos com segurança.
A Paralisia Cerebral resulta de perturbações cerebrais de natureza não progressiva pelo que a perda de capacidades (regressão) não é característica da Paralisia Cerebral.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Notas Soltas 3 - Desporto

Somos um país que temos o desporto enraizado nos nossos genes.
Desde a escola que os alunos são convidados a praticarem actividades desportivas, nomeadamente nas aulas de Educação Física.
Muitas vezes neste tipo de aulas os alunos portadores de deficiência ficam impossibilitados de praticar certas actividades recreativas e isso pode-lhes causar frustrações, pois estes educandos também têm o direito de apreciar a excelência do desporto e de o praticar.
Isto tanto pode acontecer por falta de material adaptado ou por desconhecimento desses mesmos equipamentos por parte do corpo docente, conhecimento esse que permitiria uma readaptação das actividades, para que houvesse uma maior e melhor integração da pessoa no seu todo.
Alguns destes alunos conseguem ultrapassar este estigma e até equacionar seguir uma actividade desportiva como meio profissional. Mas ficam só por esta intenção, pois esbarram numa sociedade que só lhes reconhece o estatuto de atleta no papel, porque na prática lhes põem nas costas o peso árduo de terem de suportar todas as custas do dia-a-dia de uma carreira desse calibre.
Isto mais irónico parece (para não dizer triste) quando se tratam de atletas federados e medalhados, não só a nível nacional como internacional, os quais, para poderem competir nesses eventos desportivos em que elevam ao poste mais alto as “quinas” da bandeira nacional, têm de recorrer a apoios de pessoas amigas ou familiares com vista a aquisição de material que lhes permita enfrentar de cabeça erguida as provas para as quais se dedicam de corpo e alma.
Certamente que um pouco mais de divulgação por parte dos meios de comunicação social (não só aquando dos Jogos Paraolímpicos) destes “campeões desconhecidos” (nomeadamente no acompanhamento televisivo de provas a nível dos diversos campeonatos nacionais) lhes daria uma maior projecção e, com isso, certamente que o número de patrocínios acabaria por aparecer.
A meu ver, esta parceria beneficiaria ambas as partes e daria outra projecção do desporto adaptado português.

domingo, 16 de maio de 2010

Hormonas de crescimento na regeneração de lesões

Artigo no DN

Contra todas as previsões dos clínicos, um jovem espanhol recuperou a 100% de um acidente de automóvel. Foi o próprio pai, médico e investigador, quem decidiu aplicar-lhe um método pioneiro que utiliza hormonas de crescimento na regeneração de lesões. Os médicos portugueses dividem-se sobre este novo tratamento: para uns é uma esperança para doenças neurológicas; para outros levanta ainda muitas dúvidas éticas e de segurança.
Uma clínica espanhola, em Santiago de Compostela, promete resultados surpreendentes na cura de doenças cerebrais e de deficiências motoras, com a aplicação de hormonas de crescimento. Os benefícios destas substâncias produzidas naturalmente na hipófise (glândula situada na base do cérebro) são reconhecidos por exemplo para aumentar a altura em pessoas com problemas de crescimento. Mas, na regeneração dos neurónios, este programa é pioneiro.
Com este tratamento, o director do Centro de Reabilitação Foltra, Jesús Devesa, professor catedrático na Universidade de Santiago de Compostela, conseguiu recuperar o filho, que ficou com lesões cerebrais depois de um grave acidente de carro. Foi o seu primeiro doente. E Pablo, hoje com 29 anos, conseguiu voltar a andar, falar e comer. Depois dele, o tratamento foi usado noutros 300 doentes paraplégicos ou com deficiência mental congénita ou adquirida. "Injectamos hormonas de crescimento na área subcutânea do braço, que induzem a produção de células--mãe e regeneram os tecidos danificados", descreve Jesús Devesa ao DN, assegurando uma taxa de sucesso na casa dos 90%. Entretanto, a descoberta veio a público em Espanha e a técnica vai ser aplicada também num centro de paraplégicos de Toledo.
As hormonas de crescimento seriam uma solução para os 150 mil portugueses com deficiência motora ou os 75 mil que sofrem de lesões cerebrais? Ou ainda os 200 novos casos de crianças com paralisia cerebral que nascem por ano em Portugal? Os médicos dividem-se. Embora não conheçam bem o tratamento, uns acreditam que pode ser uma esperança nos casos de paraplegias. Para outros é uma "aplicação meramente experimental e episódica", sem explicações científicas fundamentadas e com implicações no plano ético e da segurança.
Pablo Devesa tinha saído de casa para se encontrar com os amigos, quando um acidente de viação o lançou num coma profundo durante um mês. "Lembro--me estar a chover muito e de eu ter embatido numa casa", conta o biólogo ao DN. Depois, ficou tudo escuro e imóvel.
O acidente atirou--o para uma cama nos cuidados intensivos, com um traumatismo cranioencefálico e uma hemiplegia - uma paralisia das funções de um lado do corpo. "O traumatismo comprometeu o lado esquerdo do meu cérebro. Quando acordei, os médicos não me davam muitas esperanças de recuperação. Não conseguia falar, comer ou andar", lembra Pablo.
Já em casa, o pai, Jesús Devesa, não hesitou em aplicar no filho os ensinamentos que desenvolvera durante anos em laboratório. "Estava consciente do que fazia. Sabia que era eficaz e tinha de acreditar nisso", sublinha o médico.
Durante os meses seguintes, Pablo recebeu diariamente uma dose de hormonas de crescimento (produzidas industrialmente a partir de engenharia genética), em ciclos de 15 dias. "O seu efeito chega às zonas onde está a lesão, levando à proliferação de células-mãe e restituindo os estímulos nervosos no local afectado", diz Pablo. O tratamento era articulado com um plano intensivo de fisioterapia.
"Cada caso é um caso e a dose a aplicar depende da doença, da idade e do progresso do paciente", indica Jesús Devesa, acrescentando: "Nas crianças, o processo de recuperação é mais rápido, pois a neuroplasticidade promove uma proliferação mais célere das células".
Pablo tinha 22 anos, e a sua recuperação fez-se em oito meses. "Fiquei curado, sem sequelas. A recuperação foi a 100%. Hoje levo uma vida completamente normal, como qualquer jovem. Jogo futebol, bebo um copo com amigos."
Mais: está há um ano a trabalhar no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, como investigador, e a terminar a tese de doutoramento a defender dentro de semanas. A base da investigação? O seu próprio caso e as implicações das hormonas de crescimento no processo de neuroregeneração.
"É um trabalho que segue as linhas de orientação da investigação do meu pai. Quero comprovar os resultados em humanos, sem efeitos secundários, no sentido de dar uma base científica mais aprofundada", diz Pablo Devesa.
O tratamento não é consensual nos especialistas portugueses. José Luís Medina, director do Serviço de Endocrinologia do Hospital de São João, mostra-se optimista: "Cientificamente devemos esperar pelos resultados do estudo, mas é uma esperança." "Devido às suas propriedades de crescimento e proliferação celular, talvez se possam obter alguns efeitos em situações como esta", diz Manuela Carvalheiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo.
Já Fernando Baptista, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, é mais céptico. "Será uma aplicação meramente experimental e pode ser geradora de falsas expectativas", alerta. "Nos últimos anos têm sido demonstrados outros efeitos a nível metabólico, mas não é o caso dos efeitos eventualmente neuroregeneradores deste caso."
O presidente da Sociedade Portuguesa de Neurociências, João Malva, coordenador da equipa onde trabalha Pablo Devesa, no centro de neurociências, mostra-se bastante crítico. "É um tratamento que tem implicações sérias no plano ético e da segurança, uma vez que a hormona do crescimento pode trazer problemas secundários muito significativos associados à proliferação descontrolada de células, como em tumores", avisa o biólogo. "Acreditar na sua eficácia é uma questão de fé, porque do ponto de vista científico não há explicações fundamentadas. Mas a motivação dos pacientes pode fazer milagres", conclui.
Tratamento para aumentar tamanho custa 20 mil euros
A hormona de crescimento já é usada há algumas décadas mas para tratar casos de insuficiência da hormona no organismo.
As hormonas de crescimento são normalmente aplicadas em pessoas com carência desta substância no organismo. "Utiliza-se em crianças para promover o seu crescimento em situações de deficiência de secreção associada a doenças da hipófise e também em situações genéticas acompanhadas de baixa estatura", explica Fernando Baptista, do serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Uma dessas aplicações é na síndrome de Turner, caracterizado pela baixa estatura dos portadores - há cerca de dois mil casos em Portugal. Esta síndrome tem várias anomalias associadas, como uma baixa capacidade auditiva, com repercussões na aprendizagem, ou a hipofunção ovárica, que leva à infertilidade.
É ainda usada para promover o crescimento em crianças com insuficiência renal crónica e, mais recentemente, foi aprovada a sua utilização na baixa estatura associada ao atraso do crescimento intra-uterino.
Nestes casos, quando a deficiência de hormona de crescimento se manifesta na infância, o tratamento faz-se logo após o diagnóstico com a respectiva hormona, administrada diariamente em injecções subcutâneas.
"O objectivo deste tratamento é garantir um desenvolvimento o mais próximo possível do normal", sublinha Fernando Baptista.
Os custos do tratamento por pessoa rondam os 20 mil euros. Por ser um tratamento muito caro, é comparticipado a 100% pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) no caso das crianças.
"A utilização na deficiência de secreção grave do adulto ainda não é comparticipada pelo SNS, embora seja uma indicação consensual na comunidade científica", completa o endocrinologista Fernando Baptista.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

PARA LÁ DO QUE A JANELA MOSTRA

Foi só hoje que partiste e já tenho saudades de ti, Pedro.
Depois de termos estado internados nesta mesma enfermaria de duas camas, recordo, com profunda gratidão, tudo o que partilhámos e o que de mais belo me ensinaste.
Estávamos ambos gravemente enfermos.
Eu tenho de permanecer constantemente de costas e de olhar fito num tecto que se perde num branco sufocantemente doentio, pois não consigo sequer rodar o pescoço um milímetro que seja. A ti, os médicos autorizavam-te a sentares-te na cama, por alguns minutos, três vezes ao dia.
O teu leito ficava do lado da única janela do quarto.
Conversávamos horas a fio acerca de tudo e de nada. Mas sobretudo, recordávamo-nos dos tempos de saúde, das nossas mulheres e filhos.
As nossas doenças atiraram-nos para um destino comum de dor e de permanência indefinidamente prolongada, sem esperanças de regressar a casa.
E com o decorrer dos anos, se alguma réstia de esperança havia, foi-se esboroando por inteiro.
Progressivamente, até as nossas famílias reduziram a frequência das visitas.
- Ai Pedro, há tantas semanas que não vejo a minha Rosa e os meus filhos. – suspirava eu.
- Eu cá já nem me lembro bem da última vez em que a minha Célia e o meu Filipe cá vieram.
- Dói-me tanto sentir que se foram cansando de me verem assim. Perder a saúde já é muito pesado, mas estar sem ver os que mais amo...
- De nada nos adianta curtir mágoas e alimentar sofrimentos maiores. Encaremos a vida que nos resta agradecendo o facto de nos termos, um ao outro, por companheiros do mesmo barco. – aconselhaste-me com voz serena e apaziguadora.
- É, tens razão, Pedro. Vivamos esta viagem juntos, enquanto tal for possível. – aquiesci.
Após um curto silêncio, pedi-te:
- Faz-me um favor, prime a campainha. Necessito que a enfermeira me dê de beber.
- Prepara os ouvidos, Tomé. Ainda há pouco trouxe-me a aparadeira e vai já reclamar contigo.
- Eu sei... mas já estou habituado aos seus protestos; não sei é sofrer com sede.
E assim foi. A enfermeira Sofia não perdeu a ocasião para resmungar a ladainha do costume:
- Ai Sr. Tomé, Sr. Tomé, sempre se lembra de ter sede a cada hora! Eu já estou de saída.
- Porém, eu sempre cá fico e não escolho as horas para satisfazer as minhas necessidades básicas. De mais a mais, entre a sua saída e a entrada da sua colega tenho mais de trinta minutos de espera. E se aguardo pela mudança de turno, a enfermeira Joana vai logo rezingar: “Estava mesmo à esperinha que eu entrasse ao serviço”! Já pensaram que se respingassem menos e se se preocupassem em cuidar de nós com mais humanismo contribuíam mais para atenuar o nosso desconforto e era-vos bem mais agradável cumprir a vossa missão?
A mulher de branco retirou-se, impávida, como quem nada escutou ou observou de novo.
- Bem que te avisei que ias ouvir. – reafirmaste tu.
- Mal por mal, prefiro que a mulher refile do que entre e saia da enfermaria como se não tivesse língua e sempre com a mesma expressão de enfado e de indiferença por nós.
- Lá nisso concordo plenamente contigo. Também detesto ser ignorado ou tratado como um fardo inútil arremessado para um canto até que apodreça e feda.. – galhofaste tu, provando-me que os longos anos de doença segregadora ainda não te tinham surripiado a capacidade de rir e de fazer rir.
- Mas desesperante e desolador é o Dr. Feliz-Morte estar vários dias sem nos visitar e, quando o faz, fazê-lo de relance, como se temesse ser contagiado. Só aquele distante e frio olhar com que nos fita sem nos fitar confirma o fim que nos aguarda. – opinei.
- É lamentável que nunca lhe tenham ensinado que enquanto não morremos estamos vivos. – comentaste.
- Infelizmente, o doutor não está nada longe da verdade. – disse-te eu, em tom de resignação.
- Talvez; porém, enquanto acordar estou vivo! Enquanto puder sonhar não me cortem as asas do sonho! – redarguiste com uma perseverança e energia que sempre foram superiores às minhas. – Enquanto puder, não abdico de presenciar o nascer do sol.
- Por falares nisso... O que vês hoje através da tua janela? – questionei-te, ansioso por escutar as tuas preciosas descrições.
- Aguenta um pouquinho. Deixa-me soerguer e acomodar-me com jeito. A minha coluna hoje quer que a trate com toda a delicadeza. – gracejaste.
- Se não te sentes com forças, não te sacrifiques demasiado por minha causa. – tranquilizei-te.
- Se não nos esforçarmos por confortarmo-nos e alentarmo-nos um ao outro, por quem o faremos e quem o fará por nós?
Após várias tentativas fracassadas para te soergueres, acabaste por vencer mais uma vez.
- Temos o mar calmíssimo. – principiaste.
- Daqui vês o mar? – considerei, deveras surpreendido. – Nunca supus este hospital junto ao oceano.
- É. E vai a passar um navio e pêras! – acrescentaste.
- Nunca viajei de barco. – confessei. – Deve ser fascinante!
- Acredita que sim, Tomé.
- Viajaste muitas vezes?
- Sim. Cumpri o serviço militar na marinha. É delirante estarmos entre céu e mar e nada mais vermos à nossa volta.
- Apanhastes alguns sustos? – perguntei.
- Pouquíssimos. Mais no início. Com a falta de experiência, apavorava-me nas tempestades ver ondas enormes cobrir-nos o barco de água.
- E não quiseste seguir carreira?
- Até queria, mas tinha em terra o amor de Célia e o Filipe a quatro meses de nascer. A vida de marinheiro não me permitiria estar sempre perto deles os dois.
- Todavia, há algo que me intriga, Pedro.
- Como assim?
- As maravilhosas e diversificadas paisagens que vislumbras dessa janela. O mar; os belos jardins e lagos; as graciosas noivas a entrarem na igreja; os bandos de pássaros que, ora se libertam, ora se recolhem às verdes árvores.
- Lá fora há sempre novidades e uma vida boliçosa. No jardim que ladeia o lago vicejam as primeiras flores desta Primavera e um par de namorados trocam carícias e palavras poeticamente amorosas.
- E como está o casal de cisnes brancos?
- Vogam imponentes pela água calma e límpida. O cisne pavoneia-se a cortejar a fêmea, que dá mostras de desinteressada, mas traz um olharzinho de quem se apresta para mergulhar no peito do seu amado.
- Que lindo! – exclamei.
- Atenta nas gargalhadas das crianças. – sugeriste-me.
Pus-me à escuta.
- É estranho, mas os meus ouvidos já não alcançam nem a alegre algazarra da miudagem. – disse-te, pesaroso, pois aquela constatação era mais uma prova que o meu ser cada vez estava mais confinado à asfixiante estreiteza e finitude daquela enfermaria.
- A rapaziada corre, salta, ri, grita e canta por entre os canteiros e as pombas que esvoaçam em cruzeiros sem rotas, desenhando no azul do céu graciosas cataratas de vida e liberdade.
E decorriam dias, meses e anos.
Com a vivacidade que punhas nas tuas coloridas e sonoras descrições, numa tarde até acreditei escutar as notas musicais soltadas pelos instrumentos de uma filarmónica que tu dizias ver marchar na calçada.
Entretanto, ontem, manhã serena e clara, a enfermeira Jacinta só encontrou o teu corpo hirto; a tua alma voara já rumo a uma liberdade por ti sonhada e, que de agora em diante, jamais loquete algum ousaria agrilhoar.
A enfermeira Jacinta fitou no meu, o seu olhar húmido.
Foi por entre lágrimas cintilantes que afirmou:
- O Pedro partiu e deixou-nos uma terna recordação.
E pegando no seu espelho pessoal, indicou-me:
- Olhe para aqui, Tomé.
E chorámos os dois ao vermos ali o suave sorriso com que nos brindaste na hora da tua maior vitória.
E descoberta das descobertas. Uma enfermeira também se comove e é capaz de chorar..
- Sabe uma coisa, enfermeira Jacinta?
- Diga lá, Tomé.
- Apetecia-me dar-lhe um grande beijo.
- A mim? Porquê?
- Há tantos anos que aqui estou e nunca antes vira o vosso lado humano. Pareceis sempre tão indiferentes ao sofrimento. Estais tão distantes de nós; tão longe das nossas angústias e medos. Será que vos passa pela cabeça que temos sentimentos, esperanças e sonhos? Será que nos considerais míseros doentes ou nos tendes como pessoas com direitos e deveres?
- Não é nada fácil tratar de doentes.
- Tentai antes cuidar de nós como pessoas que estão doentes e não de doentes que deixaram de ter o estatuto de pessoa apenas porque a saúde nos abandonou temporária ou definitivamente no conceito meramente clínico da palavra. – argumentei.
- Mas, para nós, se um doente não for clinicamente curado, o nosso esforço foi um fracasso.
- Tendes de ter e de nos ajudardes a termos horizontes mais largos em relação ao conceito de cura.
- Como assim?
- É preciso que compreendais que quando a cura física não é possível, essas feridas abertas podem e devem ser fonte de crescimento espiritual.
- Julgo não entender bem.
- Se a pessoa que está doente descobrir que o seu ser não é só carnal mas também, e essencialmente, espiritual, vai perceber que a sua vida não se confina às amarras de um corpo, mas que ganha asas para voar sem limites.
- Desculpe lá, Tomé, mas esta conversa está a tornar-se demasiado filosófica para os meus 65 outonos. – desculpou-se.
Aproveitei aquele momento mais sensível da mulher de branco para formular-lhe o desejo de, logo que possível, ser transferido para a que fora a tua cama.
- Sim, Tomé; eu própria encarregar-me-ei de satisfazer esse seu desejo.
- Ficar-lhe-ei muito grato.
- Seria muita curiosidade de minha parte se lhe perguntar o porquê desse seu veemente rogo?
- Não, esteja à vontade.
E, ao explicar-lhe como as tuas belas descrições, fruto do que visualizavas através da janela, me aqueciam o coração, observei que, a cada palavra que eu ia proferindo, a enfermeira Jacinta estremecia e o seu delgado rosto se contraía num esgar de surpresa e de angústia crescente.
- Não se está a sentir bem, senhora enfermeira?
- Estou muito impressionada com o que o Tomé acabou de contar.
- Ora essa! Então, porquê?
- Bom... é que... o Pedro era cego!
- Era cego?!
- Sim, Tomé! E a juntar à sua cegueira, diante da janela apenas existe um muro alto que nada deixa ver para o exterior, além de uma nesga de céu.
Agora fui eu quem estremeceu.
Ó Pedro, Pedro, tu eras cego! E eu, mais cego fui por, ao longo de tantos anos de uma convivência que julgava extremamente tão próxima, nunca detectar que os teus olhos nada viam e que tanto me fizeram ver para lá do que a janela mostra.
Obrigado, Pedro, por teres sido capaz de sonhar e de me fazeres sonhar

(Américo Azevedo, in “Sonho Acordado”)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Viveu 79 anos num quarto de hospital

Agapito Pazos, um homem que viveu 79 anos num quarto de um hospital na localidade espanhola de Pontevedra - de onde só saiu 48 horas para ir ver o mar -, morreu no fim-de-semana, aos 82 anos.
Considerado o dono do quarto 415 e conhecido por todos os funcionários e por muitos dos doentes daquela unidade hospitalar, Agapito Pazos foi abandonado no hospital com apenas três anos, vivendo ali o resto da sua vida, até quase aos 80.
Com alguma incapacidade psíquica e com distrofia muscular nos membros inferiores, que o impediam de caminhar, Pazos só saiu do hospital uma vez em 77 anos: quando um contínuo o levou a ver o mar, nas Rias Baixas.
Nos anos 1930, quando ali chegou, o Hospital Provincial de Pontevedra era o único centro de beneficência que existia na localidade acabando por servir de casa para Agapito, que ao longo da sua vida partilhou o quarto com centenas de doentes.
Inicialmente sob responsabilidade do departamento de pediatria e, mais tarde, do de medicina interna, nunca conseguiu sequer uma família de acolhimento, apesar das repetidas tentativas dos responsáveis hospitalares.
O caso acabou por ficar ao cuidado da Fundação Sálvora, encarregada desde 1993 de gerir o caso de Agapito.
A longa permanência no hospital valeu-lhe, claro, alguns benefícios que outros doentes não tinham: recebia chocolate (a sua grande perdição) e tinha a cara virada para a janela.
Fernando Filgueira, um dos muitos médicos que acompanhou Agapito, recordou-o -- em declarações ao jornal Faro de Vigo -- como "alguém especial" que acabou até por ser o "encarregado de guardar as chaves dos medicamentos e dos armazéns".
"Eram luxos do menino mimado da casa. Se o tivéssemos mudado de quarto ou o tivéssemos levado para um lar teríamos tirado a sua vida", admite.
No quarto ajudava a controlar os outros doentes que entravam e saíam, avisando médicos e enfermeiros quando os via mal.
"Chegava a avisar-nos quando iam morrer. E em muitos casos acertou", recorda o médico, afirmando que há uns anos o próprio Agapito superou um cancro no estômago.
Nos últimos anos, "foi-se apagando pouco a pouco", mas ainda assim "tocou nas vidas de muita gente".
Motivo pelo que o seu funeral foi acompanhado por muita gente, inclusive do município onde o seu registo recordava a sua vida.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

VAI BARQUINHO, VAI

Vai barquinho, vai,
Rasgando as águas do rio,
Vai barquinho, vai,
Até te tornares num navio.

Vai barquinho, vai,
Espera-te o grande mar,
Vai barquinho, vai,
Continua a navegar.

Vai barquinho, vai,
Galga as ondas do mar,
Vai barquinho, vai,
Não temas naufragar.

Vai barquinho, vai,
Os ventos anunciam tempestade,
Vai barquinho, vai,
O teu mar é a sociedade.

Vai barquinho, vai,
A tempestade há-de acalmar,
Vai barquinho, vai,
Que nenhum ódio te faça encalhar.

Vai barquinho, vai,
Que nada te faça cessar,
Vai barquinho, vai,
A tua missão é amar.

Vai barquinho, vai,
Acalenta o meu sonho de criança,
Vai barquinho, vai,
Para que habite em nós a esperança.

(Américo Lisboa Azevedo, in "Para Além do Olhar")

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Notas Soltas 2

Segue o segundo “Notas Soltas” que são pequenos textos da minha autoria.

Vivemos num país que se diz desenvolvido. Para isso contribui em muito o facto de sermos um país em que o nível de escolaridade mínimo tem vindo a aumentar gradualmente, cifrando-se actualmente no nono ano, podendo passar essa fasquia para o décimo segundo, conforme intenções manifestadas pelo actual executivo.
Este facto vai acarretar um aumento de gastos por parte das famílias na angariação de material escolar para que esses alunos possam prosseguir os estudos.
O mais paradoxo deste facto é que as escolas expedem os manuais adoptados durante os primeiros três ou quatro meses civis para que as livrarias tenham capacidade de os porem à disposição dos encarregados de educação a tempo do início do novo ano lectivo.
Se existem alunos deficientes, tal como os alunos ditos “normais”, que não querem fazer nada e só andam nos estabelecimentos de ensino para não estarem em casa, ou que têm acesso às novas tecnologias, pode existir uma pequena fatia destes que tenham como única alternativa o uso de manuais em linguagem Braile.
Tendo presente este facto, não se compreende o porquê de alunos cegos ou de baixa visão, terem de esperar, muitas vezes meses, por manuais que lhes dêem acesso às matérias leccionadas.
Não seria mais racional que, quando se soubesse os manuais adoptados por uma escola, e sabendo previamente da existência deste tipo de alunos, estes estabelecimentos de ensino solicitassem apoio ao Ministério de Educação, com vista ao aceleramento deste processo, tendo em vista a entrega dos manuais até ao início do ano lectivo.

Adolfo Ribas

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ser Deficiente...

Ser deficiente...
Não é ser deficiência física ou psicológica
É deficiência de ideias incessantemente
De raciocínios sem lógica.
Amar e ser amado por quem somos
Deficiências todos temos
De ideias e preconceitos
Todos humanos, todos com defeitos
Amar e ser amado
Lutar e ser lutador
Vencer a luta duma dor inesquecida.
Um amor verdadeiro
Uma inocência na deficiência
Lutadores e vencedores
Lutar contra o vencedor da partida
Mas vencedores da vida.
Conhecedores da sobrevivência
Todos lutadores
Contra a luta e contra as dores.
Um viver e renascer
Na luta vida vencer.

(Autor desconhecido)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O AMOR TUDO VENCE

A casa de pedra granítica lá estava imponente e austera no cimo do monte. As janelas abertas de par em par e o portão de ferro a ranger prolongadamente nos gonzos. Falta de óleo, falta de uso.
- Temos visitas. – anunciei.
- É o padre Fontes. – acrescentou Margarida que se apressara a abrir a porta.
- Posso entrar?
- É claro que sim, padre Fontes. A casa é sua. – acudi eu familiarmente.
- Como estão a ser essas núpcias?
- Boas. Marmelitos é uma terra de gente acolhedora e esta casa, apesar de bastante antiga, é excelente para os primeiros dias duma vida a dois. - informei com um sorriso.
- E não vos cansais de cá estar?
- Por mim ficava cá sempre. – atalhava Margarida.
- E eu também. – concordei.
- Estou espantado. – galhofou o padre Fontes, sorrindo de satisfação por nos ver felizes.
- Quer jantar connosco? – convidámos simultaneamente.
- Aceito de bom grado.
O padre Fontes é daqueles pastores que conhece cada uma das suas ovelhas pelo seu nome e as guia pelos caminhos da vida com abnegada dedicação e ardente ternura.
- E tendes passado por muitas aventuras? – quis ele saber.
- Algumas, algumas. – respondemos a uma voz.
- Ainda esta noite nos choveu na cama. – adicionei.
- E depois? – riu-se o padre Fontes.
- Tive de arrastar a cama. – queixou-se Margarida.
- E o mais engraçado é que assim que desviaste a cama o pingante cessou de cair. – pormenorizei.
- E a Fidélia que trouxe quatro despertadores e os pôs a cantarolar de duas em duas horas. Estavam escondidos em diferentes locais do quarto. – explicou Margarida.
O padre Fontes soltou uma valente gargalhada e exclamou:
- Que madrugada!
- Se foi. – anui – Também eu achei piada e a Margarida quase se aborrecia comigo por causa disso.
- Claro. Divertias-te à brava porque não eras tu que tinhas de te levantar e apanhar frio. – justificou-se Margarida.
- Aguardavas que eles se calassem. – opinei.
- Eram dos que demoram tempos infinitos a perderem o pio. – argumentou Margarida.
- Fazias como eu, cobrias a cabeça e ignoravas o ruído. – sugeri com uma meiga ironia, pois sabia que a minha esposa não gostava de sentir a boca nem o nariz tapados pela roupa.
Neste interim, o padre Fontes interveio:
- Tenho que ir para Migas. Obrigado pelo jantar.
- Obrigado nós pela sua presença sempre amiga no nosso meio. – agradecemos.
Ouvimos os passos que se afastavam. Ouvimos o portão a fechar-se. Ouvimos o crepitar da lenha provocado pelo lume no fogão.
Deve ser lindo o fogo, pensava eu.
- Em que pensas? – perguntou-me Margarida.
- Que deve ser fascinante contemplar essas chamas.
- Podes crer que sim. Estão muito vermelhas e vivas. – descreveu-me com carinho e, afagando-me as faces, acrescentou: – Não fiques triste.
Beijei-a.
- Não me entristeço, mas neste momento deu-me cá uma saudade dos tempos em que vi. Foi mais forte do que eu.
A si, amigo leitor, permita-me que me confesse. Nunca me custou aceitar a cegueira. Aprendi a conviver com ela como uma coisa minha; uma coisa que me pertence e que jamais alguém me há-de tirar. Em muitas ocasiões da minha vida tem sido uma companheira fiel, uma aliada incondicional da minha vontade. É que, às vezes, também dá muito jeito não se ver aquilo que não nos convém. No entanto, é duro, demasiado duro, olhar e não se ver o rosto de nossa mãe, de nosso pai, de nossos irmãos, de nossos amigos. É duro, quase desumano, olhar a cada instante e não se ver o rosto da mulher que amamos até o raiar da loucura.
Um fortíssimo aguaceiro, acompanhado por um ruidoso trovão, veio arrancar-nos daquele torpor. Entretanto, as chaminés tinham cessado de fumegar. Marmelitos já se havia recolhido nos seus aposentos. Daí a poucas horas viria a aurora e despontaria um novo dia. Iriam novamente cantar os galos, mugir as vacas e chilrear os pássaros. As ruas encher-se-iam de mais algum movimento e far-se-ia ouvir essencialmente as motorizadas a subirem e a descerem o monte, em direcção aos empregos. Os mais velhos ainda têm os seus pedacitos de terra que amanham com esmerado afinco, que o confirme o Sr. Germias, figura carismática daquelas pacatas paragens. Com 65 anos de idade, só à noitinha pára para descansar. Dedicou grande parte da sua existência a zelar pelos interesses da paróquia e a servir a sua patroa.
- Oh, Sr. Germias, quer almoçar amanhã connosco? – repetíamos constantemente o convite.
A resposta é que era quase sempre a mesma:
- Não posso. Tenho gente lá em casa.
Tem a patroa e a família da patroa como a sua própria família e atrás dos seus fatigados passos vão sempre o Pateta, um cachorro irrequieto na flor da cachorrice, e o Pep, um cão pacato nas bordas da velhice.
Pateta corria com a linguita de fora. Corria, saltava alegremente e pulava para caçar as moscas que voavam mais rasas. Pep, por seu turno, assistia impávido e sereno a tudo aquilo, mas Pateta não gosta de brincar sozinho. Olha para o outro com ar de incompreensão por tamanha molenguice. As coisas têm que mudar e Pateta é persistente. Não esteve com meias medidas. Num ímpeto juvenil pôs-se ao lado do companheiro e mordeu-lhe a orelha. Pep não se mostrou deveras incomodado com tal provocação e, apenas soltou um pequeno ronco, voltou à posição inicial. Pateta não se deu por satisfeito e insistiu. Pep levantou preguiçosamente a pata e atingiu levemente o parceiro no focinho. Pateta virou-lhe as costas e, olhando para nós, ladrou, como que a dizer:
«Não faltarão outras oportunidades».
E o cachorro lá continuou nas suas traquinices até que de súbito estacou defronte do fogão onde deparou com a sua imagem aí reflectida e logo desatou a ladrar, irritado. Margarida, ao aperceber-se da ocorrência, afirmou:
- Pateta não gostou de se ver ao espelho.
E eu galhofei:
- Pudera, julgava-se filho único e surpreendeu-se por descobrir tão bruscamente que tem um irmão gémeo.
O Sr. Germias Já estava de saída.
- Boa noite e até amanhã. – disse ele.
E nós retribuímos.
Após o ancião ter-se ido embora, Margarida comentou;
- É uma boa alma.
- Como poucas. Tem a preocupação diária de nos trazer o pão de manhã e de se certificar no final de cada tarde se estamos bem. Que Deus o recompense.
- Preciso de ir ao nosso quarto. Venho já.
Fiquei a escutar Margarida a distanciar-se.
“Será que a farei feliz? Far-me-á ela também feliz? Só o futuro conhece a resposta, mas tem-na bem guardada no cofre do imprevisto”, meditava eu.
Uma semana antes, naquele grandioso entardecer de 14 de Janeiro de 1996 perto duma centena de pessoas vestiram as suas melhores fatiotas domingueiras e dirigiram-se para a capela da Nossa Senhora do Caminho, na Tremoceira. Pairava no ar e nos corações dos convidados uma mal contida excitação.
- O noivo chegou. – anunciou alguém.
E a noiva já lá estava, nervosa e preocupada porque eu me atrasara. Falhas toleráveis a quem se casa pela primeira vez.
Entrámos na capela entapetada a gosto e perfumada com os primores oferecidos pela mãe natureza. O padre Fontes e o padre Alves ocuparam os seus lugares no altar. O momento crucial aproximava-se a passos largos. A multidão ali presente apurava os ouvidos na expectativa de captarem o eminente sim. E um sim determinante e definitivo saiu com naturalidade. Foi um sim ao amor na saúde e na doença, na prosperidade e na provação, na alegria e na tristeza, em todas as horas da nossa vida.

(inserto no livro “Centelha de Vida” de Américo Lisboa Azevedo)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Notas Soltas 1

Segue o primeiro “Notas Soltas” que são pequenos textos da minha autoria.

Pertencemos a uma sociedade englobalizadora. Pelo menos os nossos governantes emanam directivas nesse sentido para que a sociedade em que vivemos seja de direitos e deveres iguais para toda a criatura que a compõe.
Pena é que os deficientes que querem ter uma vida intervencionista na sociedade tenham dificuldades em chegar a certos pontos que, um cidadão dito “normal” nem sequer pensam nessas barreiras.
Mais tristeza é uma pessoa querer ser o mais autonomamente possível e o não conseguir, não por falta de compromisso consigo próprio, mas por conjunturas alheias à sua vontade que impede a pessoa de chegar ao objectivo a que se propõe.
Por exemplo: ir fazer um levantamento monetário pode revelar-se uma verdadeira odisseia. E dependendo da deficiência, pode até tornar-se numa situação impossível.
A sociedade tem feito progressos mas compete-nos a nós deficientes, sair do conforto do nosso cantinho e reivindicar, não através de palavras, mas sim fazendo sentir a nossa presença para que sejamos vistos a participar na vida da comunidade a que pertencemos.
Assim, e só assim, é que as barreiras da nossa sociedade se vão esbatendo.

Adolfo Ribas